"A mulher deve poder ficar em casa"

Não sei se já leram a entrevista de D. Manuel Monteiro de Castro, o novo cardeal português no Vaticano que pode até chegar a Papa. Diz ele que "A mulher deve poder ficar em casa, ou, se trabalhar fora, num horário reduzido, de maneira que possa aplicar-se naquilo em que a sua função é essencial, que é a educação dos filhos".
Agora que sou mãe sinto-me muito tentada a concordar com ele. Sempre quis uma carreira, ser financeiramente independente, sentir-me útil naquilo que faço. Mas de facto, depois de ter o R., vislumbrar a possibilidade de fazer tudo isto em apenas uma parte reduzida do meu dia é muito tentador. Trabalhar a partir de casa, com o meu filho perto de mim a toda a hora, sem ter que cumprir horários, parar para brincar com ele quando me apetecer, passear à hora que preferir... tudo muito tentador, mesmo! 


Agora, a minha veia independente e feminista discorda e acha que a função essencial da mulher não pode ser a educação dos filhos. Temos tanta responsabilidade nisso como os pais e temos o direito a ter uma vida profissional sem nos sentirmos culpados por isso poder significar menos tempo para os nossos filhos. Enquanto mulheres precisamos de nos sentir completas e, claro, que nem todas as mulheres vivem a maternidade da mesma maneira. Há mesmo quem esteja desejando trabalhar para respirar um pouco dessa tarefa.


Portanto, eu entendo as vozes que se levantem contra o cardeal, mas no meu caso pessoal gostava muito que isso fosse possível. Continuar em casa com o R. pelo menos até ele ir para a escola, mas ocntinuar a receber por isso era ouro sobre azul. Se desse para ao mesmo tempo ter a minha carreira, mas a partir de casa, então era perfeito. Pode ser que um dia este blog me dê dinheiro para isso ou então que dê em escritora a tempo inteiro e os meus bestsellers paguem as contas cá de casa...